Educação

Tábata Amaral x Vélez Rodríguez: embate da precisão contra o silêncio

A deputada federal questionou a incapacidade do ministro da Educação e sugeriu sua saída do cargo

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Foram exatos seis minutos. Tempo mais do que necessário para que a jovem deputada federal Tábata Amaral (PDT-SP) enquadrasse o ministro da Educação Ricardo Vélez Rodríguez durante reunião na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, na quarta-feira 28. Os questionamentos precisos da parlamentar esbarraram num quase silêncio do representante do MEC, não fossem as tentativas de réplica constrangedoras. E isso diz muito.

Em noventa dias de governo, Vélez ficou entre decisões equivocadas e recuos. Muitos deles. A crise não demorou a chegar: são 13 baixas na pasta desde janeiro, fruto de um verdadeiro cabo de guerra entre militares que ocupam cargos no ministério e pessoas ligadas ao próprio ministro, indicadas pelo “guru” do governo, Olavo de Carvalho.

Os últimos desligamentos, que mostram a fragilidade do MEC, foram do diretor de Avaliação da Educação Básica do Inep, Paulo César Teixeira, e do presidente do órgão, Marcus Vinicius Rodrigues, que afirmou não ter tido uma reunião de trabalho com o ministro. “Foi um processo muito ruim, que mostrou a incompetência gerencial muito grande”, declarou à imprensa.

A falta de direcionamento na pasta apareceu no discurso de Tábata como “planejamento estratégico”. A deputada cobrou do ministro a apresentação de projetos para a educação, com metas, prazos de execução e resultados esperados. “Não é possível apresentar um power point com dois, três desejos para a educação. Cadê os projetos? Onde eu os encontro? Quem são os responsáveis?”, questionou.

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A deputada falou sobre a “incapacidade do ministro de estar na pasta”, diante da complexidade do Ministério. “A sua incapacidade de apresentar propostas é um desrespeito à educação, ao ministério, ao parlamento e ao Brasil como um todo”, declarou.

“Quando a gente fica nessa brincadeira de fumaça, nessa discussão ideológica, quando não fala do que importa porque é difícil de implementar, a gente diz que é ok perder uma nação inteira que simplesmente não teve oportunidade”, mencionou, fazendo referência a perdas pessoais, como a do pai, por envolvimento com drogas, e de outros conhecidos, pela violência. “Se eles tivessem ao menos concluído o Ensino Fundamental, tivessem tido alguma chance na educação, não teriam morrido tão jovens”, afirmou.

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Por fim, Tábata não cobrou respostas do ministro, por entender que elas não viriam. “Só me resta lamentar, esperar que o senhor mude de atitude, o que parece completamente improvável, ou saia do cargo do ministro de Educação“.

Sexta deputada federal mais votada no Estado, Tábata Amaral cresceu na periferia de São Paulo. Após terminar a educação básica se candidatou para obter bolsa de estudos no exterior, diante de seu sonho de estudar fora. Foi aceita em seis das principais universidades americanas: Harvard, Yale, Columbia, Princeton, Pensilvânia e o Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech). Optou por Harvard. Voltou ao país para se dedicar à política, sobretudo a educacional.

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