Economia

BC mira a inflação e eleva Selic pela primeira vez em seis anos

Decisão responde às expectativas da esmagadora maioria dos analistas, operadores e agentes dos mercados financeiros

Edifício-sede do Banco Central, em Brasília. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Apoie Siga-nos no

Depois de o Comitê Federal de Mercado Aberto ter decidido nesta quarta-feira 17 manter inalteradas as taxas de juros nos Estados Unidos entre 0% e 0,25% – mesmo elevando bastante suas projeções para a economia americana -, o Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil subiu a taxa básica de juros, a Selic, de 2% para 2,75% ao ano.

A decisão é tomada após seis anos sem elevação do juro básico da economia e responde às expectativas da esmagadora maioria dos analistas, operadores e agentes dos mercados financeiros por uma sinalização de que o Banco Central não será leniente com a inflação. Aliás, a maioria esperava uma alta de 0,5 ponto percentual, sendo a elevação de 0,75 considerada um “minichoque” de juros. A expectativa, agora, é sobre até onde o BC subirá a Selic, não só pela aceleração dos preços ao consumidor, mas pelas maiores pressões inflacionárias que há algum tempo outros indicadores já vinham e vêm mostrando.

“O BC tinha de subir os juros diante de um choque de inflação que começa a se disseminar, elevando a Selic em 0,5 ponto percentual ou 0,75 e prosseguir até atingir a taxa de juros neutra, de 6% ao ano nominais e inflação em torno de 3%, no centro da meta”, avalia o superintendente de Pesquisa Macroeconômica do Banco Santander Brasil, Maurício Oreng.

O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, Carlos Thadeu de Freitas, que foi diretor do BC, esperava maior moderação, como um aumento de 0,25 ponto percentual. Ele recomendava que a autoridade monetária calibrasse as expectativas inflacionárias, advertindo que novas altas poderiam acontecer mesmo entre reuniões do Copom.

Além do receio com a inflação corrente de 5,2% em 12 meses, circulava a preocupação de que o BC demonstrasse sua recém-conquistada independência em relação ao governo, atendo-se exclusivamente a mirar a inflação.

No comunicado posterior à reunião, o Copom assinalou que seu cenário básico para a inflação mantém fatores de risco em ambas as direções. “Por um lado, o agravamento da pandemia pode atrasar o processo de recuperação econômica, produzindo trajetória de inflação abaixo do esperado”, diz o texto. Quanto a uma uma pressão altista, o BC destacou a prorrogação de políticas fiscais de reação à pandemia passíveis de agravar a situação fiscal do País, além de possíveis frustrações em relação à continuidade das reformas.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo